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Experiências e Sentimentos – Paineiras e os Nossos Natais

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Não existe outra época do ano em que pensamos mais a respeito de nós mesmos, nossas histórias, nossas atitudes e nossas vivências do que o Natal. Não poderia ser diferente, no entanto, já que o Natal é a maior festa do ano, visto as formas que movimenta todas as estruturas da sociedade, desde as rotinas familiares até as grandes corporações.

Em meio a tanto movimento, no entanto, esse texto (e os que virão a seguir) são convites para reflexão de coisas que talvez não prestemos tanta atenção, embora vivamos o tempo todo imersos em seus significados. Dividirei aqui os pensamentos e reflexões particulares de algumas pessoas a sobre a festa que simboliza o encerramento de um ano ao mesmo tempo que diz muito sobre a renovação e o início de uma nova vida. Afinal de contas, as luzes (inclusive as de natal) podem nos parecer muito diferentes, a depender da forma como olhamos para ela.  

Ana Mara Rodrigues trabalha na Estela’s Boutique a mais de duas décadas. Sua persona, seu sorriso caloroso e sua delicadeza no trato são marcas tão presentes no cotidiano do funcionamento da loja quanto os produtos que vende. É com um extremo carinho que ela conta a história que construiu nesse lugar, junto com suas colegas de trabalho, as clientes fiéis, os fornecedores e todos ao redor da sua vida junto a Estela’s.

Nossa conversa se deu em meio a um dia de expediente como outro qualquer. Ana colaborada na montagem da decoração de Natal na vitrine da loja, enquanto vestia uma blusa preta com a bandeira do Brasil na frente, em torcida a um jogo da seleção brasileira que ocorreria naquele dia mais tarde. Essa, inclusive, é uma peculiaridade desse ano de 2022: Futebol da Copa do Mundo quase aparecendo como protagonista na ceia de Natal.

                Mesmo trabalhando em outro lugar, Ana conhecia um pouco da rotina de natais daqui, já que acompanhava de longe o fluxo da loja (ela trabalhava em outra unidade). As primeiras memórias que ela compartilha são de natais de uma época que se enchia de esperança. Sempre lembrando de pessoas muito felizes. Imagino eu que o Natal é sempre o campeão de boas memórias, mesmo que elas não se reflitam no presente que, por vezes, principalmente nos últimos anos, sejam de experiências mais cálidas e com pouca cor. Compartilhamos um pouco da característica dessas memórias, a respeito de natais calorosos e alegres, apesar de particularmente ter sentido um pouco dessa apatia nos últimos anos. Talvez seja esse um dos motivos de minha busca por reflexão esse ano.

                Apesar disso, o clima festivo dessa época é algo que sempre me chama atenção. Ana diz que essa é uma das coisas que mais gosta, pois ele nos faz superar todas as diferenças. A forma como isso movimenta as pessoas para trazer boas experiências aos clientes, amigos e familiares. Como as pessoas lembrarão de nós após viver pequenos fragmentos de tempo conosco, são coisas especiais de viver. Ana gostaria de ver mais isso presente nas pessoas. Compartilho de seu desejo.

                Minha memória viaja um pouco observando ela trabalhar na decoração de Natal da loja. É engraçado notar como algumas pequenas coisas podem mudar a nossa percepção a respeito dos ambientes. Quando compartilho sobre meu rápido devaneio com Ana, escuto sobre seu apreço a respeito de três coisas específicas: presépio, ceia e luzes (intrigante como se encontra diretamente com o que pensava). Para Ana a ceia nos reúne. Ela nos aproxima, nos proporciona encontros, e nos faz compartilhar o que de melhor temos com os nossos. É durante ela que nos presenteamos e que compartilhamos as experiências. Refletindo sobre isso, talvez todas as minhas melhores memórias a respeito do Natal estejam relacionadas com refeições, apesar de talvez não serem, necessariamente, na ceia tradicionalmente feita na noite do dia 24. Se essas memórias se destacam pela culinária arrebatadora ou se são solenes por conta dos enfeites que trabalhosamente escolhemos para a época, não sei dizer. Continuamos conversando, uma emoção calorosa nos arrebata, talvez porque buscar reflexões sobre os olhos de outros sempre nos proporciona experiências inusitadas.

                Dividir experiências e compartilhar sentimentos. Talvez seja isso que Ana tenha me apresentado em nossa conversa. Afinal, segundo ela, a ceia é o lugar onde nos encontramos, as luzes representam aquilo que nos guia como pessoas e Jesus Cristo é o que nos dá esperança, sendo uma luz para o mundo, compartilhando de um amor fraterno e iluminando as pessoas a nossa volta. É isso que ela acredita que todos nós precisamos ter e ser.

                Nossa conversa se encerra com um abraço caloroso e um sorriso extremamente gentil de Ana. Sigo pelo meu caminho analisando aquela peculiaridade a respeito do Natal de 2022, observando uma árvore ao lado de uma vitrine completamente enfeitada com o tema da copa do mundo. Uma mistura interessante de duas paixões, compartilhadas de diferentes formas. Observando por esse prisma, talvez nem a vitrine, nem a bela árvore e nem todas as luzes espalhadas pela cidade representem o espírito de natal que foi compartilhado a pouco comigo. Buscando na memória, lembro-me de algo dito por Ana, com a mais sincera emoção, ao lado de sua parceira de trabalho e proprietária da Estela’s Boutique, Mafisa. Natal se resumiria a família, e para Ana (e pela cumplicidade completamente audível compartilhada no silêncio carinhoso de Mafisa, acredito para ela também) a Estela’s Boutique seria também sua família. A família seria então aquele lugar que nós dividimos experiências e compartilhamos sentimentos e não necessariamente só o lugar onde nascemos? Ou será que a família deveria ser o lugar que nós dividimos experiências e compartilhamos sentimentos e não só o lugar onde nascemos? Talvez essas sejam perguntas, afinal, que não precisemos responder.

Autor: Guilherme Mariano Marangone

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